quarta-feira, 16 de novembro de 2011

UM NOVO PARADIGMA PARA A MISSÃO

A partir da perspectiva da missão integral, a missão transcultural por si só não engloba o sentido total da missão da igreja. A missão pode ou não envolver o cruzamento de fronteiras geográficas; porém, em qualquer caso, envolve primordialmente o cruzamento da fronteira entre o que é fé e o que não é, seja na terra natal (at home) ou no exterior (no “campo missionário), em função do testemunho acerca de Jesus Cristo como o Senhor da vida como um todo e de toda a criação. Cada geração de cristãos em todos os lugares recebe o poder do Espírito que torna possível o testemunho do evangelho “tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1:8). Em outras palavras, cada igreja, onde quer que esteja, é chamada a participar na missão de Deus – uma missão que tem um alcance local, um alcance regional e um alcance mundial -, começando em sua própria “Jerusalém”. Para cruzar a fronteira entre o que é fé e o que não é não é necessário cruzar fronteiras geográficas: o fator geográfico é secundário. O compromisso com a missão está na própria essência de ser igreja; portanto a igreja que não se compromete com a missão de Jesus Cristo, para assim cruzar a fronteira entre o que é fé e o que não é, deixa de ser igreja e se transforma em um clube religioso, um mero grupo de amigos ou uma agência de bem estar social.
            Quando a igreja se compromete com a missão integral e se propõe a comunicar o evangelho mediante tudo o que é, faz e diz, ela entende que seu propósito não é chegar a ser grande numericamente, ou rica materialmente, ou poderosa politicamente. Seu propósito é encarnar os valores do reino de Deus e testificar do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo, no poder do Espírito, em função da transformação da vida humana em todas as suas dimensões, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário
                        O cumprimento deste propósito pressupõe que todos os membros da igreja, sem exceção, simplesmente por haverem sido integrados ao Corpo de Cristo, recebem dons e ministérios para o exercício de seu sacerdócio, ao qual foram “ordenados” mediante o batismo. A missão não é responsabilidade e privilégio de um pequeno grupo de fiéis que se sentem chamados ao campo missionário (geralmente no exterior), mas sim de todos os membros, já que todos são membros do sacerdócio real e, como tais, foram chamados por Deus “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9) onde quer que se encontrem.
Qual é o papel da igreja local em relação à missão?
Equipar e mobilizar homens e mulheres para a missão de Deus no mundo” - não exclusivamente no “templo, que pode ou não existir, mas sim em todos os campos de ação humana: em casa, na empresa, no hospital, na universidade, no escritório, na oficina... Enfim, em todo lugar que esteja fora da soberania de Jesus Cristo.
            Concebido nestes termos, este “novo paradigma para a missão” não é tão novo: é, na verdade, a recuperação do conceito bíblico da missão, já de fato, a missão é fiel ao ensinamento da Escrituras na medida em que se coloca a serviço do reino de Deus e sua justiça.

Por Vagner França

Trecho do Livro "O que é Missão Integral" de C. René Padilha

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